sexta-feira, 19 de março de 2010

COLABORADOR – O PRIMEIRO CLIENTE

Já bem difundido no meio cristão, a palavra “páscoa” tem origem no hebraico “pessah” que significa passagem - uma clara referência à situação de escravidão em que outrora se encontrava o povo judeu no Egito e a posterior libertação do cativeiro. Refletindo sobre esse contexto, pude perceber – num sentido figurado - o quanto, boa parte das empresas de hoje se encontram aprisionadas no Egito. Ainda que haja recursos e tecnologia, suas atividades, processos, objetivos e relações de trabalho permanecem como no passado, sedimentados nos velhos modelos administrativos postulados há décadas pelos estudiosos. Não obstante, prosseguem desenvolvendo suas atividades a margem de uma nova ordem mundial que preconiza um modelo de gestão capaz de contemplar responsabilidade sócio-ambiental e crescimento organizacional.
Ativismos à parte, quero me ater somente a um aspecto em particular nas empresas: o das pessoas. Numa visão genérica, podemos conceituar as empresas como sendo entidades constituídas por recursos e pessoas que desenvolvem atividades com o objetivo de ofertar ao mercado bens ou serviços de consumo que supram necessidades e possibilite a rentabilidade, sua manutenção e desenvolvimento. A despeito de sua estrutura física, dos equipamentos e processos, dos produtos e serviços, dos clientes, dos recursos financeiros e tecnológicos, as pessoas são o elemento primordial das empresas. São elas que criam, planejam, organizam, administram, decidem, coordenam e executam as atividades que são realizadas. Portanto, não é exagero afirmar que “as empresas são as pessoas”. Nesse sentido, é preciso suplantar a idéia do Velho Egito – que nos remete a um contexto de jugo e escravidão - e adquirir uma nova visão capaz de conduzir as empresas à “Terra Prometida”. Como Moisés, cada empresário deve envidar esforços para criar um ambiente de paz e esperança que possibilite conduzir em unidade o seu “povo” a uma condição de desenvolvimento que concilie necessidades humanas com objetivos organizacionais. Um deserto... digo, um processo que passa, primeiramente, por uma revisão dos valores sob os quais estão baseados os relacionamentos internos e, posteriormente, pela implantação de uma cultura que priorize o ser humano e suas necessidades.
A moderna administração considera o funcionário ou colaborador como “Cliente Interno”. Essa concepção está fundamentada no princípio de que, assim como o cliente externo, o cliente interno também possui desejos, expectativas e necessidades que precisam ser atendidos. A prerrogativa de contratar e remunerar o colaborador - independentemente de cargo e salário - não isenta a empresa dessa responsabilidade. Esse cuidado se ampara no trinômio “satisfação / produtividade / resultado” - um princípio que reza que o funcionário satisfeito se torna mais comprometido e produtivo, gerando mais resultados para a empresa.
Muitas empresas realizam grandes investimentos na inauguração de novas operações, em publicidade, em desenvolvimento de novos produtos, em estratégias de venda e promoção, numa clara preocupação de “ganhar o mundo”. Na verdade, negligenciam o cuidado interno e acabam perdendo a batalha dentro de casa. O raciocínio é simples: se quem não estiver dentro da empresa não “comprar a idéia”, não serão os de fora que comprarão.
Empresas “mais humanas” se desenvolvem mais, se tornam mais competitivas, têm compromisso com a qualidade, buscam a excelência, conquistam mais clientes e se tornam mais rentáveis porque atraem e retém os melhores talentos mantendo-os satisfeitos e motivados. Não é a toa que todo ano, uma conceituada revista do meio empresarial publica uma edição intitulada “As 150 Melhores Empresas Para Se Trabalhar”. Não se trata de apologia a essa publicação, mas sim, de evidenciar a importância de se cuidar do Cliente Interno.
Por mais árdua e tardia que seja a travessia do deserto, é preciso começar. Sigamos rumo a Terra Prometida.

“Cuide de seus colaboradores e eles cuidarão de sua empresa”

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