quinta-feira, 1 de julho de 2010

JUSTIFICATIVA OU EVASIVA - A MELHOR ESCOLHA

Atualmente, no convívio diário com as pessoas, constato com muita freqüência o mau hábito do ser humano de justificar suas falhas. Um comportamento que acomete, indistintamente, pessoas de todas as classes sociais, faixas etárias, raças e credos, permeando as diferentes esferas do relacionamento interpessoal. Sua incidência é recorrente em ambientes como empresas, associações ou entidades diversas, onde coexistam pessoas e atividades. É fomentada pelo nível de competitividade existente hoje no mundo, que exige de nós - enquanto pessoas ou profissionais - um nível de desempenho altamente eficaz e, por que não dizer, infalível. Este fator eleva a pressão e a cobrança sobre o indivíduo tornando-o propenso a “mascarar” sua falha através de um argumento evasivo. Justificativas à parte, configura-se aí, a famosa “desculpa”. É como se, culturalmente, tivéssemos institucionalizado o uso de “técnicas evasivas” ou a aplicação de “teorias da justificação”. A despeito do método utilizado, trata-se de um expediente cuja incidência se intensifica em situações onde um erro produz leve ou intenso constrangimento em quem o comete. Independentemente dos desdobramentos ou conseqüências, quero me aprofundar na análise deste comportamento.
É consenso entre nós, o fato de termos virtudes e deficiências, habilidades e limitações, campos de maior ou menor conhecimento, assim como, áreas de melhor ou pior desempenho. Mais do que isso, consideramos “pré-histórico” o ditado que diz: “errar é humano”. Por que, então, “inventamos desculpas” quando falhamos? A resposta, em princípio, como já citei, reside na vergonha ou constrangimento a que somos submetidos diante de uma falha. Um segundo fator é a tensão emocional gerada pela possibilidade de exposição de uma deficiência, o que leva o indivíduo a esquivar-se da situação através da justificativa. Entretanto, é bem possível que a origem desse comportamento esteja submersa numa raiz profunda situada na base de nosso caráter e forjada desde o início da formação de nossa personalidade. As crianças, desde pequenas, desenvolvem em si mecanismos internos de defesa que tem, a priori, o objetivo único de minimizar a tensão e o desconforto emocional gerados pela censura ou correção. Na percepção da criança, ambas produzem como resultado um sentimento de rejeição do qual tenta se livrar. Como não consegue, busca formas de evitá-lo ou minimizá-lo através do uso de subterfúgios - leia-se mentiras - que, uma vez estabelecidos, produzirão uma distorção no caráter que se estenderá até a idade madura, manifestando-se na forma de desculpa. De certa forma, podemos considerar esta dinâmica como um processo inerente ao nosso crescimento, pois é parte da estultícia humana. O que não podemos é nos conformar com isso. Há sérias implicações decorrentes desse comportamento que precisamos refletir e considerar:
1. Insensatez: quando justificamos estamos tentando convencer os outros e a nós mesmos de que não erramos.
2. Desonestidade: ao justificarmos, é possível que estejamos mentindo e enganando as pessoas;
3. Injustiça: a justificativa pode fazer recair sobre outro uma responsabilidade que não lhe pertence;
4. Estagnação: a justificativa nos impede de reconhecer uma dificuldade que precisa ser superada;
5. Enfermidade: assim como outros pecados não extirpados por permanecerem ocultos, a justificativa também gera conseqüências para a saúde.
6. Imaturidade: a justificativa pode representar um vício sedimentado na alma que impede o crescimento e precisa ser eliminado;
7. Medo: a justificativa reflete a falta de coragem para assumir as conseqüências - o que, em muitos casos, é necessário para produzir mudança;
8. Omissão: justificar significa, na maioria das vezes, esquivar-se da própria culpa e perder a oportunidade de refletir sobre o problema e superá-lo. Quando justificamos, nos safamos da situação, mas mantemos o problema em nós.
9. Soberba: a justificativa nos impede de desenvolver a humildade - virtude imprescindível ao reconhecimento de nossa natureza humana imperfeita.
Posto isso, é importante que, primeiramente, reflitamos com profundidade e sinceridade, para depois, decididamente nos posicionarmos diante da melhor escolha.
Meu desejo é que seu coração se encha de temor e se incline sempre em favor da verdade. Esta é a melhor escolha.

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